Segurança nos Portos: há riscos de morar próximo?

Sequência de acidentes ascende o debate e Portonave explica normas que regem atividades com cargas perigosas

Muito se tem discutido acerca da explosão em uma área portuária em Beirute, no Líbano, que deixou 100 mortos e mais de 4 mil feridos. As investigações ainda estão em curso, mas o Governo do país suspeita que a explosão possa ter relação com um depósito que abrigava nitrato de amônio, um tipo de fertilizante.

Nesta semana, em menores proporções e sem vítimas fatais, o porto de Manaus foi acometido por um incêndio de grande impacto. O acidente preocupa, além dos prejuízos materiais, pelos riscos causados aos trabalhadores locais e às residências no entorno, ascendendo a discussão sobre a segurança nos portos do país.

Para evitar acidentes semelhantes, é preciso estar atento às normas e mecanismos de segurança que orientam as atividades em portos. Segundo o gerente de Segurança e Gestão Ambiental da Portonave, Fabrício Martins, o trânsito, movimentação e armazenagem das cargas perigosas, seguem normas nacionais e internacionais, além de procedimentos adicionais internos, visando sempre a segurança da carga.

“Para unidades de exportação, logo no recebimento de cargas perigosas realizamos a checagem física e o lançamento no sistema de entrada, que compara, instantaneamente, se a carga recebida corresponde a carga programada eletronicamente, se houver inconsistências de informação ou simbologia, a carga não é recebida. Para cargas de importação e transbordo, antes da chegada dos produtos perigosos uma equipe faz análise da documentação encaminhada pelos armadores”, explica.

Com a documentação em mãos, todos os riscos inerentes à carga são examinados. Vale lembrar que unidades de importação e transbordo são devidamente sinalizadas, conforme a Norma Brasileira NR 29 e o Código Marítimo Internacional de Mercadorias Perigosas (IMDG Code).

“Unidades com ausência de identificação ou com rotulagem inelegível serão identificadas (rotuladas) pelo terminal com base na documentação apresentada. Após a verificação e quando necessário, a rotulagem da unidade (container), as cargas perigosas são recebidas e encaminhadas para área apropriada para o recebimento de cargas perigosas. Depois do desembaraço a carga é encaminhada ao cliente”, complementa.

Fiscalização para produtos perigosos

Dependendo do tipo de carga perigosa, existe um órgão fiscalizador específico, como a Receita Federal, Ministério da Agricultura, Anvisa, Ministério da Defesa (no caso de armamentos), Exército, por exemplo.

“A fiscalização tem como base o tipo de mercadoria, e não pela caracterização se é produto perigoso ou não. Como exemplo, um automóvel importado ou exportado. Se o veículo tiver em seu tanque de combustível acima de um quarto de gasolina, é considerado produto perigoso (inflamável) ou caso contrário, se tiver menos que isso, não é caracterizado produto perigoso”, pontua.

 É seguro morar perto de zonas portuárias?

No caso do Líbano, a região que estava no raio de alcance do porto foi bastante afetada. Para reduzir riscos e evitar esse tipo de situação, a Portonave mantém vários controles. “Existe um planejamento para armazenamento de produtos perigosos, impedido que cargas incompatíveis estejam próximas, consequentemente diminuindo riscos”, diz.

Área portuária no Líbano atingida pela explosão do dia 04 de agosto.

Além disso, segundo Martins, a área destinada a produtos perigosos é monitorada eletronicamente e fisicamente, duas vezes ao dia, por uma equipe especializada. “Além desta equipe, existe uma outra formada por bombeiros para atendimento a emergências que estão 24h por dia no terminal para garantir a segurança do armazenamento dos produtos perigosos”, ressalta.

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