A redução da tarifa de importação para países de fora do Mercosul (TEC) preocupa a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Para os dirigentes da entidade é preciso reduzir o custo de produção nacional para que a medida não seja desastrosa para o setor.
A manifestação da Abicalçados foi feita durante a reunião da Frente Parlamentar Mista de Defesa do Setor Coureiro-calçadista, realizada em no Ministério da Economia, em Brasília. Na ocasião, o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, entregou um documento em que relata o potencial prejuízo da indústria calçadista diante de uma possível abertura comercial, em virtude da redução da TEC.
A Abicalçados não é contrária, de forma alguma, ao livre comércio. A questão é que, sem a redução do nosso custo de produção, estaríamos vulneráveis à concorrência de países asiáticos que têm um custo muito reduzido. Seria um desastre para a indústria nacional em geral, no especial a de calçados, que tem sofrido com a concorrência de países asiáticos mesmo com a imposição de tarifas de defesa comercial”, alerta.
Segundo o dirigente, uma abertura comercial sem redução dos custos elevados de produção eliminaria, rapidamente, milhares de empregos no setor calçadista. “Hoje sofremos com uma carga tributária que está entre as mais elevadas do mundo, além de problemas como custos trabalhistas, burocracias, logística cara e ineficiente, entre tantos outros”, diz. O executivo avalia que o governo, especialmente na pessoa do secretário Especial de Comércio Exterior e de Assuntos Internacionais Marcos Troyjo, tem se mostrado sensível à questão, especialmente ao alerta de que a redução do Custo Brasil não é algo solucionado da noite para o dia e que portanto é preciso cautela no processo de abertura comercial.
Ferreira lembra o estudo encomendado pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, vinculada ao Ministério da Economia, recentemente divulgada. A pesquisa apontou para um Custo Brasil de mais de R$ 1,5 trilhão, o que equivale a 22% do PIB nacional. “O próprio Governo reconhece o problema e de fato está trabalhando para a redução dos custos produtivos, mas é um processo que leva tempo. Precisamos estar em sintonia para preservar empregos sem prejudicar o crescimento econômico brasileiro”, acrescenta.
De acordo com o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Setor Coureiro-Calçadista, deputado federal Lucas Redecker, o setor é a quinta indústria que mais gera emprego no Brasil, com quase 300 mil empregos atualmente. Ele também lembrou que o custo de produção no Brasil é um dos mais elevados do mundo, cerca de US$ 4/hora, o dobro da China e o quádruplo da Índia, o que prejudica a competitividade do Brasil. Ele também manifestou preocupação com a redução da TEC.
Atualmente, o parque industrial calçadista possui mais de 6 mil empresas, que produzem cerca de 950 milhões de pares por ano, gerando divisas de mais de R$ 20 bilhões. Os empregos diretos ultrapassam 280 mil postos. O setor também tem papel importante nas exportações de calçados, embora a maior parte da produção fique no mercado doméstico. “Hoje exportamos 12% da nossa produção (em torno de 110 milhões de pares), número que seria muito mais elevado se não estivéssemos exportando o Custo Brasil”, completa Ferreira.
Números do setor
+ 6 mil empresas
+ 280 mil empregos diretos
+ R$ 20 bilhões movimentados
+ 950 milhões de pares de calçados produzidos
+ 110 milhões de pares exportados
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