O Brasil ocupa a 71ª posição no ranking global de competitividade, segundo relatório elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEC – World Economic Forum). A avaliação abrange 141 países, e o país mais bem posicionado neste ranking foi Singapura, superando os Estados Unidos, que ocupam a segunda posição. Hong Kong está na 3ª posição, seguido por Holanda, Suíça, Japão, Alemanha, Suécia, Reino Unido. O levantamento foi divulgado nesta quarta-feira (9/10), em Brasília, durante o 1º Seminário de Competitividade do Setor de Infraestrutura, na sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Em 2018, o Brasil ocupava a 72ª posição no estudo, elaborado em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Segundo o levantamento, o país encontra-se em um “processo lento de recuperação da sua competitividade”.
Ainda segundo o estudo, os anos seguintes apresentaram “queda livre em praticamente todos os indicadores de competitividade”.
“Perdeu neste período em competitividade absoluta e relativa, chegando a sua pior posição no ranking em 2016. Em 2017, dada a mudança da metodologia do relatório, maior controle dos gastos públicos e expectativas de mudanças futuras, o país iniciou um novo ciclo de crescimento que, entretanto, não teve continuidade em 2018”, informou o documento divulgado pelo Fórum e pela FDC.
Dimensão e gargalos
Segundo o secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, a competitividade é uma “estratégia de governo, apesar de alguns fatores gerarem distorção em função da dimensão do nosso país”, disse ele na abertura do evento.
“Nossa expectativa é a de dar o primeiro passo em direção a este ousado objetivo, porque a infraestrutura é um dos principais entraves para o crescimento econômico do país, que deixou de crescer em função dos excessivos gargalos”, acrescentou.
Para o secretário especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, o Brasil ainda tem muito o que melhorar.
“Em relação aos Estados Unidos, nossa produtividade vem caindo desde 1980 e hoje é aproximadamente 25% da americana. O baixo progresso na produtividade brasileira levou à queda do país nos rankings de competitividade global. Ainda estamos distantes dos países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. Os estudos internacionais convergem sobre os principais gargalos da produtividade no Brasil, e estamos trabalhando para atacá-los um a um”, afirmou.
A meta da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia é que o Brasil chegue ao 50º lugar em 2022.
O índice do Fórum Econômico Mundial é composto por mais de 110 variáveis, das quais parte é proveniente de pesquisa de opinião executiva e parte decorre de indicadores setoriais.
As variáveis estão organizadas em 12 pilares, com cada pilar representando uma área considerada como um importante determinante da competitividade.
América Latina
Entre os países latino-americanos, o Chile (33º) se mantém na liderança regional, seguido pelo México (46º) e Uruguai (54º). Ambos perderam posições este ano. Todos as demais nações latino-americanas, com exceção do Brasil e da Colômbia, tiveram retrocessos competitivos no levantamento de 2019.
A análise do levantamento sugere uma tendência para a concentração da competitividade em poucos países. Já o exame dos relatórios dos últimos três anos aponta para um aumento da distância entre as nações mais e menos competitivas.
Piora de indicadores sociais
Segundo o coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC, Carlos Arruda, em muitos dos países pesquisados houve “piora em diversos indicadores sociais importantes”, como desemprego e desigualdade social.
“Os resultados apontam para frustração nos avanços sociais e ambientais, tendo em vista os objetivos sustentáveis do milênio da agenda 2020”, afirmou.
No caso do Brasil, acrescentou, “a mobilidade social demora, em média, nove gerações para acontecer, enquanto que em nações como a Dinamarca e o Chile, esse número é de duas ou seis gerações, respectivamente”.
Entre os países que tiveram a competitividade mais bem avaliada, 20 são europeus; dois são da América do Norte; sete são asiáticos; quatro do Oriente Médio; dois da Oceania e apenas um (Chile) é latino-americano.
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