Por Renata Goulart Fernandes
No artigo anterior, vimos o volume das exportações do sul do estado de Santa Catarina em 2019 e os períodos de oscilação entre crescimento e desaceleração das vendas internacionais realizadas pelo Brasil e por Santa Catarina. Nesse artigo, iremos conhecer os números ligados às importações, que, junto com as exportações, formam a corrente de comércio exterior.
As importações, assim como as exportações, trazem benefícios para as empresas e para a região, pois através delas é possível obter acesso a uma rede maior de fornecedores, transferência de tecnologias, redução de custos e inflação. E, a longo prazo, há o aumento da competitividade das empresas brasileiras, que, com o acesso a um mercado aberto a maior concorrência, precisam estar prontas para se manter nesse cenário. Entretanto, alguns segmentos sentem muito com a chegada da concorrência internacional, que acaba tomando boa parte de seu market share de forma mais eficiente.
No âmbito nacional, nossas importações representam volumes menores que as exportações, tendo o país obtido superávit na balança comercial (diferença entre as exportações e as importações) nos últimos 20 anos. As exceções são os anos 2000 e 2014 (recorde no valor importado), onde as importações foram maiores que as exportações. Em 2019, o saldo positivo foi de US$ 48 bilhões, com US$ 225,3 em exportações e US$ 177,3 em importações, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Já o estado de Santa Catarina vem na contramão, com um volume de importações superior e um déficit na balança comercial que se repete há mais de 10 anos. O recorde foi em 2019, quando as importações foram de US$ 16,9 bilhões e as exportações de US$ 8,9 bilhões, ou seja, um saldo negativo de US$ 8 bilhões. Esses números deixam o estado em terceiro lugar no ranking de estados importadores, com uma participação de 9,55% no total comprado pelo Brasil.
O sul de Santa Catarina como um todo se torna superavitário em função do maior volume de vendas nas regiões da Amesc e Amurel. Mas, quando se analisa as microrregiões separadamente, a Amrec realiza mais compras do que vendas externas. O gráfico abaixo apresenta o volume de compras do Sul por microrregião, em que é possível observar o destaque no volume da Amrec, onde 108 empresas realizaram importações em 2019.
Um dos pontos negativos que é levantado quando o assunto é a entrada de produtos estrangeiros no país, considerados bens de consumo final, é que eles acabam sendo concorrentes de itens nacionais. Entretanto, isso acarreta na busca por uma maior competitividade das indústrias locais, sendo benéfico para a população e para as próprias empresas.
Em Santa Catarina, cujo saldo da balança comercial é negativo, a pauta de produtos importados, por exemplo, é composta por 96% de produtos destinados à indústria da transformação, que os beneficia gerando empregos e outros produtos. No Sul, Criciúma é o município com o maior volume de importações em 2019, onde 57 empresas adquiriam US$ 296,5 milhões em produtos do exterior e um saldo negativo de US$ 215,7 milhões. Contudo, na pauta, encontram-se, em sua maioria, matérias-primas para as indústrias cerâmica, química e de plásticos, classificados como produtos das indústrias químicas (24%), metais comuns (17%) e plásticos e suas obras (15%).
Por isso, ao analisar os números das importações, sugiro conhecermos a pauta de produtos que são comprados, uma vez que a entrada de tecnologia, bens de capital e intermediários, também acontece com importações.