O que Bolsonaro viu na China e que todos deveriam ver?

Presidente da República, Jair Bolsonaro, visita à Grande Muralha. Foto: Isac Nóbrega/PR

Por Marcelo Raupp

Crítico veemente do comunismo, o presidente brasileiro fez diversas promessas contra a China durante a campanha. Seu governo, através também do Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, andava desconfiado sobre o país asiático. Com a visita pessoal, o discurso do presidente mudou. Mas o que Bolsonaro viu na China que propiciou essa mudança?

Um sistema político-econômico equilibrado entre Socialismo e Capitalismo – a China aprendeu com o Comunismo de Mao. Desde 1949, com a proclamação da República Popular da China, até o início da abertura do mercado após a sua morte, o país caiu na miséria. Eram mais de 600 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. Para termos uma ideia, em meados de 60, Mao decidiu que o desenvolvimento de um país se media a partir da produção de aço. As panelas das casas que não eram mais usadas devido às cozinhas comunitárias, por exemplo, agora eram derretidas por toda a população para atender a demanda do presidente. A principal consequência foi a queda na agricultura e o aumento da fome, já que todos estavam voltados para um objetivo. O controle era tão extremo que o cidadão não podia nem expressar mais apreço pela família do que pelo partido. Além, claro, de outras muitas ações dessa ideologia fracassada que culminaram na revolução cultural e até no fim das gramas porque Mao achava que não servia pra nada.

As marcas deixadas pelo sistema permitiram aos chineses uma adaptação do socialismo que a ideia original do partido comunista pregava. Hoje, por exemplo, embora ainda administrada pelo Partido Comunista, a China disponibiliza bicicletas públicas, mas permite que o cidadão tenha a sua bicicleta melhor, se assim desejar. Ela coloca a democracia como um dos principais pilares, o que sugere até um contraditório ao comunismo ideológico. Permite o cidadão ganhar dinheiro, mas controla parte daquilo que acha fundamental no sistema. Busca inserir à sua experiência do passado benefícios do capitalismo que possam sanar as lacunas que o comunismo não preencheu.

O que Bolsonaro viu, na verdade, é o que todas as pessoas que me acompanham na China veem. Uma quebra de paradigma do que se desenhou no passado. Alta tecnologia, desenvolvimento acelerado, capacidade produtiva diferenciada, interesse de aproximação com países genuinamente capitalistas e, principalmente, a possibilidade para seus cidadãos buscarem oportunidades melhores.

Não conheço uma pessoa que tenha ido à China e não tenha dito: é bem diferente do que imaginava! Mais um aprendizado para o nosso presidente.

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