Impactos da Covid-19 nas exportações do sul de Santa Catarina

Pandemia já começa a gerar reflexos no comércio exterior - Parte I

Porto contribui diretamente para os resultados registrados em Imbituba | Foto: James Tavares/Secom SC

Por Renata Goulart Fernandes

As últimas notícias que estamos lendo estão ligadas à pandemia de Covid-19 e seus impactos. O vírus se espalhou de forma a termos a sensação de que tudo paralisou. No Brasil, estamos vivendo mais intensamente essa sensação nos últimos 30 dias.

É impressionante como, cada vez mais, fica explícito que a economia é uma roda e que todos dependem um do outro de forma global. Em se tratando de comércio exterior, é importante sabermos se os impactos diretos já estão sendo sentidos, apesar de ainda estarmos no início desse processo.

O objetivo desse artigo é compararmos os números do comércio exterior do primeiro trimestre de 2019 com o mesmo período de 2020. Para isso, vamos nos basear em dados do sul de Santa Catarina.

Ao analisar a Região Sul como um todo, tivemos um acréscimo de quase 5% no volume. Mas, ao destacar os números por microrregião, percebe-se que apenas a Amurel alcançou crescimento. Isso pode ser percebido na tabela abaixo:

Fonte: ComexStat

Entretanto, esse crescimento se deve, principalmente, à cidade portuária de Imbituba, que cresceu 65% no acumulado do período e é a maior exportadora da região. Outros municípios da Amurel também tiveram bons resultados, sendo destaque, em termos percentuais, a cidade de Grão-Pará, com 103% de aumento. Na Amrec, Urussanga teve um crescimento de 40% e, na Amesc, Turvo se superou com um crescimento de 1015%. Na tabela abaixo, podemos verificar a relação completa das cidades que obtiveram expansão e as que contabilizaram resultados negativos:

Fonte: ComexStat

Relações com os parceiros comerciais

Em se tratando dos compradores, em 2019, o sul de Santa Catarina realizou vendas para 107 países, entre os meses de janeiro e março. No mesmo período de 2020, esse número diminuiu para 95, sendo que 28 deixaram de ter relações e outros 16 não haviam realizado compras no início de 2019, mas tiveram relações comerciais em 2020.

Dos 10 principais parceiros no período de 2019, cinco países aumentaram as compras. O destaque é para a China, que se tornou o principal comprador da região, com um aumento de 220%. Outros que também elevaram os montantes de compras foram: Paraguai (34%), Uruguai (19%), Bolívia (17%) e Argentina (5%).

Rússia e Irã deixaram de comprar no período. Tiveram declínio as exportações para a Bélgica (98%), Chile (18%) e Estados Unidos (16%). No ranking de número de casos da Covid-19, disponibilizado pela BBC em 7 de abril de 2020, esses últimos países ocupavam, respectivamente, as posições 10, 24 e 1. Dos que deixaram de comprar, o número de casos no Irã faz com que o país esteja na 8ª posição do ranking, enquanto a Rússia ocupa a 15ª.

Produtos impactados

Dos 10 principais produtos exportados em 2019, seis sofreram queda no valor em 2020 (entre U$ 988 mil e U$ 9,4 milhões). O destaque fica para o milho, que deixou de ser vendido ao exterior.

Contudo, apesar de ser um grande indício, ainda não podemos afirmar que esse decréscimo se deve à Covid-19. Como dito, estamos apenas no início e os reflexos deverão ser sentidos ainda mais nos próximos meses. No próximo artigo, iremos incluir o mês de abril nessa análise.

 

(Artigo editado no dia posterior à publicação, com o acréscimo de informações e atualização de dados.)

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