Duas potências econômicas, os Estados Unidos e o Reino Unido iniciaram as negociações para um acordo comercial. A primeira rodada foi lançada nesta semana, buscando maior aproximação para aumentar o comércio e investimento mútuo. Conforme as autoridades das duas nações, mais de 300 pessoas e 30 grupos passam a se envolver virtualmente nas tratativas.
Em comunicado conjunto, o representante norte-americano, Robert Lighthizer, e a ministra do Comércio britânico, Liz Truss, afirmaram que as negociações ocorrerão em “ritmo acelerado”.
Um acordo de livre comércio contribuiria para a saúde a longo prazo de nossas economias, que é de vital importância à medida que nos recuperamos dos desafios impostos pela Covid-19″, ressaltaram, em nota.
Uma série de reuniões virtuais iniciou nessa quarta-feira (6) e segue até o dia 15 de maio, para ampliar as discussões. Segundo o comunicado conjunto, as negociações se baseiam no Grupo de Trabalho de Comércio e Investimento Reino Unido-EUA, estabelecido em 2017.
Essa é considerada a primeira negociação comercial de grande porte dos EUA em 2020. Já o Reino Unido tem negociado com a União Europeia (UE) no pós-Brexit, concretizado em janeiro.
A economia norte-americana é considerada a maior do mundo, enquanto os britânicos ocupam a quinta posição no ranking. De acordo com as autoridades envolvidas, o comércio total bidirecional entre os dois países vale £ 230 bilhões/ano. Além disso, mais de £ 700 bilhões são investidos mutuamente.
Pronunciamentos
Na nota conjunta, a secretária Liz Truss reforçou a importância do mercado norte-americano e o que ele representa para o Reino Unido. “Os EUA são nosso maior parceiro comercial e o aumento do comércio transatlântico pode ajudar nossas economias a se recuperar do desafio econômico imposto pelo coronavírus. Queremos fazer um acordo ambicioso que abra novas oportunidades para nossos negócios, traga mais investimentos e crie melhores empregos para pessoas em todo o país. Como o primeiro-ministro disse, o Reino Unido é um defensor do livre comércio e esse acordo tornará ainda mais fácil fazer negócios com nossos amigos”, ressaltou.
Já o discurso de Lighthizer foi, de certa forma, ao encontro das ações recentes do governo norte-americano, que estuda afastar as cadeias de suprimentos da China. “Sob a liderança do presidente Trump, os Estados Unidos negociarão um acordo comercial ambicioso e de alto padrão com o Reino Unido, que fortalecerá nossas economias, apoiará empregos bem remunerados e melhorará substancialmente as oportunidades de comércio e investimento entre nossos dois países. Este será um acordo histórico que é consistente com as prioridades dos EUA e os objetivos de negociação estabelecidos pelo Congresso na legislação dos EUA”, enfatizou.
Obstáculos nas negociações
Apesar da promessa de trabalhar o tema em “ritmo acelerado”, alguns pontos podem travar as negociações. Entre as questões mais delicadas está a agricultura, já que o Reino Unido possui padrões rígidos de segurança alimentar. De acordo com a Reuters, há divergências em relação às culturas geneticamente modificadas dos EUA e aos tratamentos antibacterianos para aves.
Mais duas situações, segundo o Financial Times, também atrapalham o avanço das tratativas. Uma delas seria o impasse nas negociações entre Grã-Bretanha e UE, enquanto a outra está ligada às eleições presidenciais norte-americanas.
Prioridades do setor privado
Fortemente interessada na proximidade com os britânicos, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos listou uma série de itens a serem observados nas negociações. As demandas envolvem desde proteção intelectual e de investimentos até a necessidade de um acordo único e abrangente. Na segunda-feira (4), a entidade que representa o setor privado norte-americano solicitou ainda que os dois aliados eliminem tarifas, para aumentar perspectivas de longo prazo.