A lista de países e produtos com ameaça de sobretaxa só aumenta. Depois de acusar Brasil e Argentina de desvalorizarem suas moedas de forma “maciça” e dizer que vai voltar a impor tarifas sobre importações de aço e alumínio de ambos os países, os Estados Unidos ameaçaram impor tarifas de até 100% a 2,4 bilhões de dólares em produtos da França como retaliação à imposição de um imposto digital pelo país europeu a grandes companhias tecnológicas americanas, incluindo Google e Facebook.
De acordo com o anúncio, a lista de produtos franceses sujeitos a estas taxas inclui 63 categorias diferentes, como queijos, espumantes, bolsas e cosméticos. O valor comercial total dos produtos é de cerca de 2,4 bilhões de dólares.
A decisão de hoje envia um sinal claro de que os Estados Unidos tomarão medidas contra regimes fiscais digitais que discriminam ou impõem encargos indevidos às empresas americanas”, afirmou o comissário de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer.
A medida foi tomada após a França ter aprovado oficialmente, em julho, o chamado imposto Gafa (acrônimo de Google, Apple, Facebook e Amazon) de 3% sobre o volume de negócios do faturamento das atividades digitais dessas empresas, para obrigá-las a pagar impostos na França sobre os lucros que elas obtêm com usuários provenientes do país.
O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, disse, em entrevistas de rádio, que a sanção é “inaceitável” e enfatizou que seu país “jamais” desistirá do imposto digital, acrescentando que os Estados Unidos “parecem não estar mais interessados em um acordo internacional” sobre o assunto.
Esse não é o tipo de comportamento que se espera dos Estados Unidos, com respeito a um de seus principais aliados, a França, e a Europa em geral”, ressaltou Le Maire.
Ele afirmou que entrará em contato com a Comissão Europeia para confirmar que, se as novas taxações entrarem em vigor, haverá uma “resposta europeia forte”.
O imposto francês afeta empresas cujas receitas anuais ultrapassam 750 milhões de euros em todo o mundo, o que envolve cerca de 30 empresas, a maioria delas americanas, embora a lista também inclua companhias chinesas, britânicas e alemãs.
Após a entrada em vigor do imposto, o USTR anunciou o início de uma investigação contra a França, alegando que o imposto tinha “injustamente” como alvos as gigantes americanas.
A França tentou sem sucesso levar a União Europeia (UE) a adotar um imposto digital e anunciou que renunciará ao seu próprio imposto quando uma alternativa internacional for implementada.
O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu colega francês, Emmanuel Macron, devem se reunir nesta semana em Londres durante a cúpula da Otan. Entre outros temas de discussão está justamente a cobrança do Gafa e a resposta de Washington.