Enquanto 2019 marcou o início do novo cenário político-econômico brasileiro, 2020 começa com projeções de retomada acelerada da economia. O avanço é previsto principalmente no setor de consumo, que deve impulsionar o país nos próximos meses. Porém, os investimentos e atividades industriais ainda são desafios a serem superados por empresários e governo.
Por enquanto, o relatório Focus do Banco Central estima um crescimento de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. O percentual projetado pelo governo é mais otimista que o do mercado, elevado para 2,4% na terça-feira (14). Antes, a previsão era de 2,32%. A justificativa para esse aumento, conforme a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, está ligada à baixa taxa de juros e expansão do crédito livre.
Já em relação a 2019, a estimativa é que o PIB brasileiro tenha crescido 1,17%. Fatores como a falta de articulação política e o cenário externo pesaram para que o aumento não fosse mais significativo.
Melhorias observadas em 2019
De acordo com a DW Brasil, que ouviu especialistas sobre os avanços e desafios da economia brasileira, alguns fatores contribuíram para melhorias em 2019. “A mudança mais importante acho que foi o corte da taxa de juros Selic, até porque a economia não respondia, e o governo soltou medidas de estímulo, como a liberação do FGTS”, analisa o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Gala, em entrevista para a agência.
Os juros menores levaram à expansão de 15% do crédito para pessoas físicas e 12% para jurídicas. Além de dar um impulso ao varejo, isso também ajudou a construção civil a se reerguer, após cinco anos de resultados ruins.
A Reforma da Previdência e a redução do risco-país para o patamar mais baixo dos últimos nove anos também são listados por especialistas como pontos positivos. Além disso, a projeção é que os setores de serviços, comércio e construção mantenham os bons resultados em 2020.
Dificuldades a serem superadas
Por outro lado, a manutenção das taxas de desemprego e o aumento da informalidade ainda são desafios para a retomada econômica. Para Gala, é preciso que os setores industrial e de serviços avançados cresçam, para que sejam geradas vagas boas e em quantidade.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria acumulou 1,1% de queda entre janeiro e novembro. Para economistas, o problema está em relação à produtividade do setor. Por isso, a reindustrialização e as concessões devem continuar no foco do governo.
Na pauta para 2020
Segundo especialistas, para ter a retomada acelerada da economia, o governo precisa ter sob os holofotes alguns fatores. O pacote de privatizações, por exemplo, deve ser impulsionado neste ano, apesar de demandar cautela. “Em infraestrutura, a entrada do setor privado depende do setor público. Quando o governo faz grandes obras ou contrata grandes obras, aí a iniciativa privada entra para fazer as coisas, mas precisa de articulação do governo”, aponta Gala.
As reformas administrativas e tributária continuam na pauta, já que gerarão impactos no setor econômico.
Já sobre o mercado externo, segundo a DW Brasil, os conflitos entre EUA e China podem gerar impactos. O motivo seria a incerteza e aversão ao risco por parte do investidor, com base na disputa entre as duas potências. Os reflexos nas exportações também somam a esses fatores.
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