As empresas que realizam negócios com a China, provavelmente, receberam avisos nos últimos dias sobre uma breve pausa nas fábricas chinesas. O motivo, ao contrário do que muitos podem associar a princípio, em nada se relaciona à pandemia de Covid-19. O feriado é para celebrar uma tradição milenar, fortalecendo laços entre as pessoas e a natureza: o Dragon Boat Festival.
Em tradução literal, o Festival do Barco-Dragão está entre os mais tradicionais eventos da China. Na história, ele também é conhecido como Duanyang Festival, Tianzhong Festival, Yulan Festival, Duanwu Festival e Daughter’s Day. Não importa o nome ao qual está associada, a celebração é um marco histórico-cultural para o país asiático.
Desde 2009, o festival consta na lista da Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Ele é realizado sempre no quinto dia do quinto mês do calendário lunar chinês. Em 2020, ele ocorre justamente nesta quinta-feira (25). No entanto, os preparativos já iniciaram há dias e as celebrações devem se estender, pelo menos, até domingo (28).
Celebrações diversas, mas com o mesmo objetivo
A data é celebrada por vários grupos étnicos da China, especialmente nas regiões média e baixa do rio Yangtze. As festividades variam entre cada ponto do país, mas costumam ter aspectos em comum. Conforme listado pela própria Unesco, cerimônias memoriais são combinadas com eventos esportivos, como as corridas com os chamados “barcos-dragões”. Com decorações temáticas, essas embarcações a remo despertam a atenção de nativos e turistas. Em cada local de competição, milhares de pessoas acompanham as provas.
Além disso, atrações folclóricas, como danças e músicas características, ganham o país durante esses dias. Ervas aromáticas também são bastante utilizadas, sejam para perfumar ambientes ou as próprias pessoas. E há ainda outro ponto-chave do evento: o zongzi. Tradicional na gastronomia chinesa, ele consiste em um bolinho em forma de pirâmide. O alimento é feito a partir de arroz glutinoso – que recebe recheio doce ou salgado, dependendo da região do país – que é embrulhado em uma folha de bambu ou junco.
Os “heróis” homenageados pelo festival
Se você perguntar a alguns chineses sobre a origem do Dragon Boat Festival talvez receba como resposta informações divergentes. De acordo com a Unesco, o “herói” que teria dado início ao evento varia de acordo com a região do país. Nas províncias de Hubei e Hunan, por exemplo, a história é atribuída ao poeta patriótico Qu Yuan. Já no Sul da China é comum se referir a Wu Zixu, um velho que morreu quando matou um dragão na província de Guizhou. Ou, ainda, ela é ligada a Yan Hongwo, especialmente na província de Yunnan, entre a comunidade Dai.
Dessas versões, a mais famosa é a de Qu Yuan, que teria vivido no estado de Chu durante o Período dos Reinos Combatentes (475-221 a.C.). A história, passada de geração em geração, é que Qu Yuan foi leal e patriótico durante toda a vida. Ao ver o declínio de Chu, ele se jogou no rio Miluo, morrendo pela amada terra natal.
Os sofrimentos de Qu Yuan ganharam a simpatia do povo de Chu que, em memória ao poeta, passaram a homenageá-lo no dia do aniversário de morte. Justamente, o quinto dia do quinto mês do calendário lunar. Nesse contexto, as corridas de barco-dragão representariam a busca pelo corpo de Yuan. Já os zongzi teriam sido originalmente jogados no rio para impedir que os peixes atacassem o corpo do poeta.
Afastando os maus espíritos
Outra característica marcante do Dragon Boat Festival está relacionada às crenças chinesas. Historicamente, os participantes evitam o mal durante os dias de festividade. Para isso, banham-se em água perfumada com flores, vestem seda de cinco cores, penduram plantas nas portas e colam recortes de papel nas janelas.
Para pesquisadores chineses, as atividades festivas demonstram a intenção das pessoas de afastarem os maus espíritos e evitarem infortúnios.
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