Por Renata Goulart Fernandes
Os impactos da pandemia de Covid-19 nas exportações do sul de Santa Catarina começaram a ser percebidos ainda no primeiro trimestre de 2020. Em abril, continuamos a sentir os reflexos em toda a economia, sendo que saímos do lockdown iniciado em meados de março e finalizado no decorrer do último mês.
Nesse período e, principalmente, em abril, tivemos uma desvalorização do real, chegando a uma taxa cambial de R$ 5,43 no dia 30. O pico do mês ocorreu no dia 24, quando atingiu o valor de R$ 5,65. Para efeitos de comparação, no dia 1º de março, ela estava em R$ 4,49. Esse cenário cambial é altamente favorável às exportações. Entretanto, pode ainda não refletir números de crescimento, uma vez que negociações podem estar em stand by nesse período.
No acumulado de janeiro a abril, a região sul do estado apresentou queda de 7,85% nas exportações, em comparação com o mesmo período de 2019. A microrregião mais impactada foi a do Extremo Sul (Amesc), onde a retração chegou a 39,37%.
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No entanto, não podemos analisar os números apenas de forma bruta. Existem diversos fatores que podem ter levado a esses resultados. Tendo em vista que os efeitos da pandemia nas exportações ainda podem estar por vir, não podemos considerar que essa queda acumulada se deve apenas à Covid-19, principalmente quando os números são separados mensalmente em cada região.
Amesc
Na microrregião de Araranguá, o percentual de queda acumulado foi o maior do sul de Santa Catarina. Contudo, um dado importante é que, mesmo tendo redução no comparativo do mês de abril, houve um crescimento em relação a março, ao contrário do que aconteceu em 2019.
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Dos cinco municípios exportadores nessa região, Jacinto Machado não efetuou vendas em abril de 2020, ao contrário de Ermo, que não negociava há mais de dez anos e efetuou embarques no último mês. Ambos atuam com exportação de arroz, produto que apresentou crescimento no período. O produto destaque nas exportações locais é o tabaco, responsável por mais da metade das vendas.
Amrec
Na Região Carbonífera (Amrec), os números apresentaram quedas mais expressivas em abril (21%), quando comparamos com os valores de 2019. Os principais municípios exportadores, Criciúma e Forquilhinha, registraram retração de 5% e 14%, respectivamente, nesse primeiro quadrimestre.
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Amurel
A única microrregião que não registrou queda no valor acumulado entre janeiro e abril foi a de Tubarão (Amurel). Essa positividade está ligada ao crescimento apresentado em fevereiro e março, em relação a 2019. Contudo, em abril, houve uma grande queda na comparação, já que esse mês havia elevado o volume das vendas no primeiro quadrimestre de 2019.
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Como dito, ainda é cedo para avaliarmos os impactos da Covid-19 no volume de exportações, pois diversos fatores podem influenciar nesse meio, como taxa cambial, que vem contribuindo para melhorar os ganhos e competitividade dos produtos brasileiros. Além disso, negociações internacionais possuem um tempo de duração maior desde o seu início até a fase de embarque da mercadoria, que irá integrar as estatísticas.
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