O avanço da pandemia de coronavírus na Europa e Américas acende um alerta em empresas de navegação e portos chineses. Grandes parceiros comerciais do país estão sendo afetados pelo Covid-19, justamente no momento em que a economia local volta a se reestruturar. Pedidos feitos anteriormente a fábricas da China estão sendo cancelados ou atrasados, à medida que importadores entram em quarentena.
Na avaliação de Liu Changyu, do Departamento de Comércio Exterior do Ministério do Comércio da China, os esforços emergenciais de contenção de epidemias nos principais parceiros foram um golpe no setor de exportação. O adiamento ou cancelamento de exposições e feiras também dificulta a obtenção de novos pedidos pelas empresas.
Impactos no segundo trimestre
Para Lu Ting, economista-chefe da China na Nomura Securities, o agravamento da demanda externa poderá ser sentido mais claramente após o segundo trimestre. Na visão dele, quanto mais a pandemia persistir, mais tempo será necessário para reiniciar a cadeia de valor global.
Ting acrescenta que, em um cenário ideal, no qual a curva da pandemia é achatada ainda em abril, as exportações chinesas podem cair 20% no primeiro trimestre. Já no segundo trimestre, ele prevê redução de 30%, na comparação com 2019.
De acordo com ele, uma forma de diminuir o impacto e estabilizar o comércio exterior é aumentar as exportações de materiais de contenção de epidemias. Outro fator que pode trazer resultados é o governo melhorar a certificação internacional.
Movimentações nos portos
Um levantamento da Reuters apontou que o processamento de containers na China caiu 10,6% nos dois primeiros meses de 2020. Já as exportações recuaram 17,2% no período, em relação ao ano anterior.
Nos principais portos do país, segundo a agência internacional, exportadores se apressam em enviar as remessas aos importadores. A preocupação é que novas restrições relacionadas ao coronavírus dificultem ainda mais o cenário.
Relações com o Brasil
Conforme o Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), a China ocupa a primeira posição no ranking comercial brasileiro. No acumulado de janeiro e fevereiro de 2020, o Brasil exportou US$ 8,1 bilhões à China. A movimentação representa um aumento de 2,4% em relação ao mesmo período de 2019. Já as importações de produtos chineses reduziram 3,6% nos dois primeiros meses do ano, com US$ 7,4 bilhões movimentados.
Com informações da Agência Reuters, China Daily e do site oficial da República Popular da China.
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