Apesar da proximidade geográfica com o Brasil, a Argentina tem adotado medidas diferentes para conter o avanço da Covid-19. Seja em relação ao isolamento social, questões de saúde ou economia, alguns pontos se diferenciam da realidade brasileira. Por isso, o cenário no segundo maior país da América do Sul ganha espaço na série “Corona Around The World”, dentro do Portal OMDN.
Estabelecido em 20 de março, o isolamento social, preventivo e obrigatório segue em vigor até o próximo domingo, dia 7 de junho. Porém, há previsão para a quarentena ser ampliada até 21 de junho. A medida já foi prorrogada em abril, para restringir a circulação de pessoas principalmente nas áreas mais afetadas. “Apesar das novas regras do jogo, nos adaptamos muito rapidamente às adversidades. Saímos de nossas casas apenas para comprar o que é necessário nos supermercados próximos e sempre usamos máscaras. Lavar as mãos com sabão por, pelo menos, quarenta segundos e o uso de álcool em gel, caso você não esteja em casa, já fazem parte da rotina, mesmo em cidades que não têm casos de coronavírus. Além disso, como é sabido, os idosos pertencem ao grupo de maior risco, portanto, cuidados especiais são tomados isoladamente”, ressalta o coordenador logístico Ivan Moscoloni, que reside em Buenos Aires.
Em virtude do isolamento social estabelecido em março, Moscoloni passou a trabalhar em regime de home office. De acordo com ele, o desenvolvimento de atividades à distância chegou a setores que, até então, pareciam improváveis, como o de atendimento ao cliente. “Com o tempo e com os resultados, os itens econômicos foram flexibilizados para enfrentar a crise econômica que pode surgir, mas a convicção continua sendo ficarmos em casa e lavarmos as mãos, além de prestarmos atenção especial ao distanciamento de adultos mais velhos”, conta.
Flexibilização das atividades
Há algumas semanas, a Argentina autorizou os governos provinciais a flexibilizarem o isolamento, desde que cumpridos critérios epidemiológicos. Segundo as autoridades locais, mais de 85% dos departamentos estão em processo de reabertura programada e progressiva de atividades econômicas e recreativas. A exceção é a região metropolitana de Buenos Aires, que concentra, atualmente, 75% dos casos confirmados no país, conforme dados do Ministério da Saúde.
Em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, o início da flexibilização permitiu que os comerciantes pudessem abrir as portas, após semanas parados. Porém, um mecanismo foi adotado pelo governo para ordenar o retorno às atividades. “Sair depende do término do DNI (Documento Nacional de Identidade). Par ou ímpar. Segundas, quartas e sextas-feiras são os números pares. Terças, quintas e sábados, os ímpares”, detalha o policial rodoviário Ivan Fernandéz.
Segundo ele, o controle policial é intenso e a sociedade está sendo ajudada pelo governo. Entretanto, na avaliação de Fernandéz, as pessoas não estão respeitando muito as decisões governamentais.
Protestos recentes na Argentina
Apesar dos resultados obtidos com as restrições – o país está com taxa de mortalidade de 3% – as medidas governamentais despertam reações contrárias. No último sábado (30), em torno de mil pessoas protestaram na capital argentina contra a quarentena obrigatória. A manifestação ocorreu por parte de setores mais afetados, como comerciantes e autônomos. “É verdade que é muito difícil economicamente levar adiante uma sociedade que não produz, não consome e, portanto, não contribui com impostos para o fundo estatal, mas é, sem dúvida, um dano menor e mais fácil de reparar do que a perda de vidas”, avalia Moscoloni.
Auxílio às empresas e à população
Na parte econômica, o governo também tem adotado medidas específicas para combater a crise. Entre as medidas mais recentes está a extensão da cobrança do seguro-desemprego até 31 de agosto. De acordo com o Ministério do Trabalho, Emprego e Seguridade Social , o valor das taxas de extensão será equivalente a 70% do benefício original. Além disso, também será feito pagamento de US$ 10.000 à Renda Familiar de Emergência, que atinge quase 9 milhões de pessoas.
O governo argentino também proibiu que empregadores dispensem ou suspendam funcionários sem justa causa. Por meio do Decreto 487/2020 , foi prorrogada a vigência da norma por mais 60 dias, contados a partir de 19 de maio. A decisão é aplicada em casos de falta ou redução de trabalho ou por “motivos de força maior”.
O país também congelou os preços dos produtos essenciais (alimentos, bebidas e itens de higiene e limpeza). Esse teto permanecerá em vigor, ao menos, até o dia 20 de junho.
Já para atender ao setor produtivo, foi criado um Fundo de Garantia para Micro, Pequenas e Médias Empresas. O mecanismo busca facilitar o acesso ao financiamento público e privado aos empreendimentos com dificuldades para arcar com os salários e outros encargos.
Por enquanto, as fronteiras argentinas seguem fechadas. O transporte aéreo de passageiros só deve retomar em setembro, quando as passagens voltarão a ser comercializadas.
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