Por Marcelo Raupp
É comum ouvirmos que os produtos chineses são baratos por conta da mão de obra escrava. Ou até mesmo porque são, em geral, de qualidade questionável. A verdade é que isso não passa de uma justificativa de quem prefere se esconder nas desculpas. É mais fácil culpar do que se capacitar. Hoje, a China tem um potencial incomensurável, com produtos de qualidade, e uma base salarial similar ao operário brasileiro. Muitos fatores somados é que fazem a competitividade do produto chinês. Três deles são destacados aqui.
Se o cara mandou, a coisa acontece
A infraestrutura e a capacidade de desenvolvimento na China são impressionantes. Quando se vê um viaduto sendo finalizado, outro já está começando a ser construído à frente. E isso também acontece com pontes, prédios, portos, túneis, ferrovias, etc. No Brasil, são 10 anos para a duplicação de uma rodovia, que só pode ser usada depois da foto oficial do presidente com os deputados.
Na China, a disponibilidade de diferentes modais permite ao empresário escolher a melhor opção para o seu produto.
A quantidade de portos e ferrovias, além dos investimentos nestes quesitos, promovem a capacidade de transporte. No Brasil, seja soja ou vestuário, nossa dependência está no rodoviário. Isso tudo faz com que o custo logístico reduza bastante na China e possibilite vantagens competitivas.
Honra no trabalho e disciplina de samurai
Embora seja conhecido da cultura japonesa, a era samurai foi inspirada na China. Lá, o trabalho faz parte da honra. No Brasil, a cultura é da obrigação. Os chineses se dedicam e trabalham muito e, principalmente, produzem mais. O brasileiro espera com aflição às 18 horas para poder ‘viver’. Sem generalizar, claro, mas a essência faz o contexto. O que é mais interessante neste aspecto é que as evoluções dos últimos anos levaram benefícios aos trabalhadores chineses, que hoje contam com um salário médio similar ao do brasileiro. Não há mais o estigma de que há uma mão de obra escrava. Muito pelo contrário. É uma cultura laboral que permite o crescimento de uma nação.
Dindim chinês sem valor
A moeda chinesa vale quase 7 vezes menos que o dólar americano. Isso permite que o preço em dólar do produto chinês fique lá embaixo. Se o custo de produção for igual nos dois países, por exemplo, apenas a diferença cambial faz com que o preço em dólar na China fique sete vezes mais barato. Claro que isso promove uma constante briga com os EUA. Mesmo que o presidente chinês justifique com diferentes argumentos, o câmbio claramente é controlado e utilizado para favorecer a exportação daquele país. Em contrapartida, a importação fica mais cara e, por isso, a necessidade grande do controle entre oferta e demanda para não gerar uma inflação incontrolável.
A China é grande demais e tem muito a oferecer. Pena que muitas vezes o brasileiro não está disposto, e nem capacitado, a aprender.
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