Um momento histórico para o setor portuário brasileiro foi vivenciado nesta quinta-feira (16), com o sucesso da manobra especial realizada na nova Bacia de Evolução do Complexo de Itajaí. O teste realizado com o navio “Valor”, com bandeira de Malta, representa uma conquista para as empresas que operam no local, já que o novo espaço contribui para a atração de embarcações de grande porte.
Na avaliação do superintendente do Porto de Itajaí, engenheiro Marcelo Werner Salles, a ação dessa quinta-feira foi considerada um marco histórico.
Não só por ser a primeira manobra na Bacia de Evolução, mas pelo ineditismo na América do Sul, de fazer uma manobra a ré, onde a embarcação fica sem máquinas e os rebocadores efetivamente o conduzem até a área da bacia. Isso é uma operação que vários portos da Europa realizam, mas é a primeira vez que é feita no Brasil. Essa manobra faz parte de um conjunto de ações que estamos fazendo para fazer com que a infraestrutura do complexo portuário de Itajaí possa atingir e atender os navios denominados mega ships, navios com até 350 metros de comprimento”, comemorou.
Os passos da manobra
Por volta das 10 horas dessa quinta-feira, o navio “Valor” desatracou do berço 02 da Portonave. Com o auxílio dos rebocadores, ele seguiu de ré até a nova Bacia de Evolução, onde ocorreu o giro de 180º. O teste envolvendo a embarcação de 300 metros de comprimento e 48,3 metros de largura durou uma hora e 40 minutos. Dali, ele seguiu destino para o porto de Paranaguá (PR).
A embarcação pertencente ao Armador Evergreen atracou no terminal da Portonave no fim da tarde da quarta-feira (15), após sair do porto de Rio Grande (RS).
Sem dúvida a manobra foi um sucesso, resultado do envolvimento de todo um trabalho em equipe que foi desenvolvido durante muitos anos. Para o Porto de Itajaí isso é primordial, uma vez que abre oportunidade para que navios maiores entrem no complexo e com isso a gente tenhamos novas oportunidades comerciais”, analisou Daniel Belizário, gerente comercial da APM Terminals de Itajaí.
Avaliação do processo
Os detalhes técnicos da manobra serão discutidos na próxima segunda-feira (20) pela equipe técnica do complexo. A reunião contará com a presença de membros da Superintendência do Porto de Itajaí, Delegacia da Capitania dos Portos de Itajaí (Marinha), Praticagem, Terminais Portuários (APMT e Portonave) e empresas de rebocadores.
O intuito da reunião é avaliar o processo que envolveu a manobra especial, já que, conforme o diretor superintendente administrativo da Portonave, Osmari de Castilho Ribas, essa foi uma ação preparada e aguardada há anos.
Mais do que esperar, nós nos preparamos todos para esse momento. Creio que foi um trabalho muito interessante da autoridade portuária, Marinha, dos práticos, todos os recursos foram empregados e quando se tem um bom planejamento, o resultado é muito bom. Então foi um resultado excelente, pois a vida segue e temos à frente uma perspectiva muito melhor para os próximos anos em relação à movimentação portuária”, avaliou Ribas.
Longa espera
Considerada fundamental para garantir a competitividade do complexo portuário, a construção da nova bacia foi marcada por entraves. Os trabalhos iniciaram em 2016 e, no fim do contrato, o Governo do Estado encerrou os trabalhos sob alegação que não era mais possível fazer aditivos. Assim, para a conclusão, um acordo foi firmado entre o Porto de Itajaí e a empresa Van Ord (responsável pela primeira etapa) com aditivo contratual de R$ 40,1 milhões. A Portonave também colaborou com R$ 5,5 milhões para o transporte da Draga Backhoe até a bacia.
A primeira etapa das obras foi encerrada em setembro do ano passado. Com isso, a Bacia de Evolução passou a contemplar 500 metros de diâmetro e 14 metros de profundidade.
Por enquanto, as manobras experimentais serão feitas com embarcações que já operam no complexo. Mais cinco ações como a dessa quinta-feira estão previstas, envolvendo navios de até 306 metros. Aos poucos, o tamanho das embarcações será ampliado.
Sobre o completo de Itajaí
Segundo maior em operação de containers, o complexo de Itajaí e Navegantes representa quase 4% da balança comercial brasileira. Ele também é responsável pela movimentação de 60% dos produtos produzidos em Santa Catarina.