Antes de entrarmos em detalhes sobre como é a logística para o transporte de cargas perigosas, é preciso entender que existem diferentes exigências e legislações a serem cumpridas, conforme o que precisa ser transportado. Por exemplo, produtos não perecíveis como vestuário, brinquedos e produtos de decoração para casa podem ser facilmente embalados e enviados por via aérea ou marítima sem ter que se preocupar muito com o manuseio.
Já a movimentação de produtos perigosos recebe uma atenção diferenciada dentro da cadeia de fornecimento devido ao elevado risco para os envolvidos no transporte e para o meio ambiente. Então, para transportar esse tipo de carga, são exigidos alguns cuidados para que se evite ao máximo qualquer imprevisto que venha a causar algum acidente durante o trajeto.
Os critérios de segurança a serem adotados no transporte de carga perigosa são definidos pelos órgãos competentes. As exigências vão desde embalagens, etiquetas de sinalização e o tipo de modal que pode ou não transportar certos produtos conforme a quantidade e seu grau de periculosidade. Dessa forma, a escolha do modal a ser utilizado deve ser feita baseada em vários fatores, como o produto a ser carregado, distância, localização, entre outros.
Segundo o desenvolvedor de negócios da Ethima Logistics, Carlos Castro, a classificação do material antes do transporte é fundamental para entender o produto transportado e suas propriedades físicas e vulnerabilidades para que não ocorram imprevistos dentro do processo logístico.
“Antes de iniciarmos o transporte de quaisquer mercadorias classificadas como perigosas, devem ser submetidos os documentos para análise e aprovação por todos os envolvidos durante o trajeto da carga desde a sua origem até seu destino. O documento mais comum e necessário para cotação de mercadorias perigosas é o MSDS (Material Safety Data Sheet) que é um formulário que contém dados relativos às propriedades de uma determinada substância”, informa o profissional da Ethima, empresa que agencia com regularidade cargas como as baterias de lítio.
Quando uma carga é considerada de risco (perigosa)?
O transporte de cargas perigosas é complexo e tem muitos detalhes e tratamentos para diversos tipos de cargas. “Podemos dizer que a carga é considerada perigosa quando oferece algum tipo de perigo à vida”, sintetiza Castro.
As mercadorias consideradas como perigosas já são classificadas previamente e podem ser identificadas pelo seu código UN (Definido pela: Organização das Nações Unidas – ONU). Esse código é uma sequência de quatro dígitos e serve para identificar cada tipo de mercadoria, bem como riscos e restrições que podem oferecer no transporte e manuseio. Além do código UN, as mercadorias são divididas em nove classes e suas subclasses:
Classe 1 – Matérias e objetivos explosivos;
Classe 2 – Gases;
Classe 3 – Líquidos inflamáveis
Classe 4 – Sólidos inflamáveis; Matérias sujeitas à inflamação espontânea e matérias que, em contato com a água, libertam gases inflamáveis;
Classe 5 – Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos;
Classe 6 – Substâncias toxicas e substâncias infectantes;
Classe 7 – Material radioativo;
Classe 8 – Substâncias corrosivas;
Classe 9 – Substâncias e artigos perigosos diversos.
“Por último e não menos importante, temos o packing group, que determinará o grau de periculosidade da carga e tipo de embalagem a ser usada. Algumas classes/mercadorias são isentas de packing group’, lembra.
Packing Group I: high danger
Packing Group II: medium danger
Packing Group III: low danger
Há um modal mais indicado para o transporte de cargas perigosas?
Para se definir o modal de embarque, é necessário classificar o produto (UN, Classe e packing group) e a quantidade. Alguns produtos, por exemplo, são permitidos no transporte aéreo em pequenas quantidades por embalagem, outros já podem não ter restrições ou serem totalmente restritos ao embarque por modal aéreo, mesmo para embarque em CAO (aeronave cargueira). “A classificação do produto e a quantidade nos dirá o modal mais adequado ou permitido para embarque”, afirma Castro.
Quais são os agentes fiscalizadores do transporte de cargas perigosas?
A ONU estabelece critérios sobre a segurança e manuseio de cargas disponível na portaria nº 204/97 do Ministério dos Transportes. Assim, as empresas de transporte de esfera rodoviária, aérea ou portuária devem seguir à risca as normas e regulamentações para obter autorização do transporte de cargas perigosas.
No Brasil:
– Aéreo: Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)
– Marítimo: Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários)
– Rodoviário: ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres)
Os custos para o transporte de cargas perigosas são diferentes?
Para o transporte de carga perigosa as tarifas são diferenciadas, sendo aplicado um tarifário com valores mais altos devido à natureza da carga e os riscos envolvidos no transporte. “Os custos não são apenas mais elevados no transporte. Armazéns e portos também cobram taxas diferenciadas para produtos perigosos que precisam ser armazenados em locais apropriados”, finaliza Carlos Castro.
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