A Confederação Nacional da Indústria (CNI) solicitou ao governo brasileiro a suspensão das negociações do acordo comercial entre Mercosul e Coreia do Sul. O pedido foi encaminhado em carta do presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Entre os itens alegados no documento está a previsão de recuo de US$ 7 bilhões na balança comercial do Brasil, caso o acordo seja concretizado. A instituição também apontou a falta de diálogo com o setor privado durante as tratativas com o país asiático.
Além disso, conforme a CNI, o período de crise econômica exige que o governo foque em políticas internas voltadas à atividade produtiva. “Os setores industriais, que devem ter um papel relevante na retomada da economia e na geração de empregos nos níveis nacional e regional, sofrerão impactos graves, sobretudo no cenário pós-pandemia da Covid-19″, afirma Andrade.
Outro ponto citado pelo presidente da CNI foi o diálogo estabelecido no ano passado com o poder público. Debates realizados em 2019 discutiram a integração internacional brasileira de forma gradual, ao mesmo tempo em que observasse a competitividade e produtividade internas.
Setor privado não é consultado
Ainda segundo o presidente da CNI, os acordos firmados pela Coreia do Sul com países em nível de desenvolvimento semelhante ao do Brasil – como China, Índia e Turquia – são distintos do que vem sendo negociado. Há uma exclusão mais ampla de produtos, chegando a quase 20% das linhas tarifárias. Também diferem em períodos de carência, margens de preferência para produtos industriais, além de salvaguardas específicas para o setor industrial.
Temos informações de que a negociação está avançada, com cerca de 90% de cobertura do comércio bilateral. Contudo, o setor privado não foi informado sobre as concessões feitas pelos governos do Mercosul. Além disso, não parece haver dispositivos satisfatórios para tratar de produtos sensíveis, o que é comum nos acordos comerciais”, explica Andrade.
Discurso alinhado ao setor argentino
Segundo a CNI, esse posicionamento se soma ao da segunda maior economia do bloco. Em declaração conjunta, a indústria brasileira e a União Industrial Argentina (UIA) manifestam preocupação com a falta de transparência nas negociações. As entidades também ressaltaram a falta de capacidade das empresas do Mercosul em enfrentarem práticas desleais de comércio. A declaração cita que dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) revelam que a Coreia do Sul é o segundo principal alvo de medidas de defesa comercial, atrás apenas da China.
Informações da Agência de Notícias CNI.