Que tipo de profissional você é no mar agitado do mercado de trabalho?
A lagosta cresce formando e largando uma série de cascas duras, protetoras. Cada vez que ela se expande, de dentro para fora, a casca confinante tem de ser substituída. O crustáceo fica exposto e vulnerável até que, com o tempo, um novo revestimento toma o lugar do anterior.
Neste período, a lagosta precisa se adaptar. Estar atenta ao ambiente hostil, fora do seu casco protetor, enquanto se alimenta e se reveste novamente.
Mas, o que fez com que o pequeno animal saísse do seu casulo natural se lá estava seguro? Oras, o desconforto. A necessidade de crescer além do que a casca atual permitia.
Ao longo da vida, o pequeno crustáceo passa por este processo algumas vezes, até o total amadurecimento – correndo riscos e dores.
Carolina Menegaro Cardoso, compreendeu que para crescer é necessário largar o aparentemente estável e abraçar a novas jornadas. Comandando atualmente o time de compras na Golden Acre Foods, na Inglaterra, relembra como foram os passos desta jornada dura até a chegada à terra da Rainha.
Primeiras experiências
Jovem aprendiz em um escritório de RH, desejando cursar faculdade de Engenharia e sonhando morar no exterior. Este era o cenário quando Carolina prestou seu primeiro vestibular.
Uma negativa nos exames fez com que reajustasse suas velas, ingressando no curso de Administração com ênfase em Comércio Exterior, na Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC.
Já nos primeiros meses de faculdade, Carolina conseguiu estágio na Cerâmica Portinari, em Criciúma – SC, arquivando documentos do setor de importação e ainda muito aquém de ter algum contato com fornecedores externos. “Sempre tive consciência de que teria de começar debaixo, aos poucos, ainda mais que não tinha experiência alguma na área” – relembra.
Focada e comunicativa, com inglês fluente e vontade de crescimento, galgava alcançar uma vaga de auxiliar de importação anunciada no processo interno da Organização.
Participando de um projeto interno de liderança com o tema: “Como reduzir o tempo gasto em processos de reconciliação”, engatou a primeira promoção. Caminho aprendido, bastava seguir e receita, não é mesmo?
Bem, à medida que avançava nos cargos, logicamente a responsabilidade aumentava. Iniciou com algumas pequenas contas e estas foram ganhando mais corpo dentro da Portinari.
Recebendo maior demanda, algumas aptidões começaram a se mostrar. “O que percebia é que eu gostava muito de solver problemas – trazer soluções para as áreas técnicas. Quando chegavam amostras de produtos, eu gostava muito de me comunicar com os diferentes setores envolvidos, e isso me trazia ainda mais conhecimento tanto para adquirir os insumos quanto para resolver os conflitos que apareciam no processo de importação”– enfatiza.
Com a visão voltada para soluções, logo chegou à Analista de Importação e se consagrou no seu setor. Foram 5 anos na Portinari, caminhando na graduação e subindo na carreira, sempre se adaptando a cada crescimento.
Trabalho e estudos
Carolina relata que recebeu muitas orientações dos professores enquanto trabalhava em processos e que isso apenas ajudou a somar know-how.
“Nosso conhecido sistema de trabalhar e estudar ao mesmo tempo é visto com um pouco de estranheza no exterior, segundo Edson Firmino Ribeiro – Coordenador do Curso de Comércio Exterior da UNESC. “Somar as atividades da graduação junto às horas de trabalho soa como um caminho muito árduo. E sabemos, o é. Mas auxilia a mostrar como é o real mercado de trabalho. A relação Universidade x jornada de trabalho oportuniza aprofundar ainda mais os conhecimentos somando teoria e a prática laboral.” – explica.
Sempre se adaptando e mudando o olhar quando necessário, Cardoso buscava novos desafios na carreira para ter a possibilidade de se destacar.
A cada ano, as metas aumentavam e, claro, com as promoções também. E meados de 2016, quando se formou, a vontade de migrar para algum país que tivesse afinidade e pudesse se utilizar da descendência de família italiana e o inglês fluente aumentou.
Foi quando recebeu a proposta do parceiro Eduardo Bolan Borges (veja o case aqui) para migrarem à Europa. Sabia que aquele seria mais um momento para trocar as suas armaduras.
Após muitos estudos e planejamento, chegaram à Inglaterra no final de 2017. Carolina, que ainda não tinha emprego definido, iniciou a atividade laboral apenas 2 meses depois de entrarem no país.
Gerente de compras de uma pequena empresa de varejo na área de tecnologia, cuidava de estoques e compras. “Confesso que cheguei bem crua, em uma empresa que eu não tinha experiência, mas isso foi fundamental para que eu aprendesse a me virar – tanto com o idioma quanto com os costumes” – rememora.
Wonder Woman, go!
Pouco mais de um ano depois, com a chegada de uma crise financeira, o grupo de empresas do qual fazia parte foi vendida. Iniciou então um novo período de procura por oportunidades.
Foi quando a Golden Acre Foods surgiu e permitiu que retornasse para a sua área de formação.
Admitida como especialista em compras, reiniciando na carreira, viu a chance de se firmar em uma organização de grande porte, com plano de carreira e objetivos bem definidos. Claro, retornando algumas casas e dando o start na jornada laboral em cargos mais baixos.
Logo, Carolina Menegaro Cardoso se destacou com a sua determinação e engajamento. Chamou a atenção de seus líderes e em poucos meses abraçou o cargo de Purchasing Team Leader.
A Golden Acre Foods é um fornecedor premiado de produtos alimentícios para o mercado de alimentos do Reino Unido, com um histórico de desenvolvimento e fornecimento de seus próprios produtos novos e inovadores.
Futuro? Há muitos cascos ainda a trocar. Inspirada por outros profissionais, principalmente mulheres líderes da organização, Carolina almeja permanecer na Inglaterra. Deseja ser uma líder e uma profissional cada vez melhor. Continuar a se desenvolver, estudando e se especializando no mercado de negociações.
Até lá, haverá muitos cascos para mudar. Sem problemas, pois Carolina aprendeu que a vida é mesmo um oceano de ricas e únicas oportunidades.
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