MITO A quebra das barreiras comerciais entre os países do mundo é um caminho sem volta. Desde os fenícios, no ano 12 a.C., a humanidade busca neste ou naquele país mercadorias que não consegue produzir por escassez de matéria-prima ou falta de mão de obra qualificada. E mesmo com evidências tão claras da necessidade do comércio internacional, ainda repercutem pensamentos contrários à importação no Brasil. O desemprego está no topo dos questionamentos sobre o assunto e é frequentemente apontado como consequência da abertura de mercado para as importações. Para o especialista em negócios internacionais, Marcelo Raupp, a associação de desemprego e importação se assemelha ao que aconteceu com as indústrias quando a automatização se massificou.
Muitos pensavam que a implantação de máquinas na indústria nacional geraria desemprego quando, na realidade, atuou como estímulo para que surgissem profissionais mais bem qualificados no mercado, dando também mais padronização aos nossos produtos e competitividade às nossas empresas”, analisa.
Segundo Raupp, a importação também tem este papel, mas desta vez, tornando a própria indústria mais competitiva.
“Afinal, se compramos algo mais barato e de melhor qualidade lá fora, a culpa não é dos chineses e sim, da falta de competitividade dos nossos produtos”, explica. “A importação não gera desemprego, mas sim, novos empregos com maior qualificação. E esta é uma boa oportunidade para nos aperfeiçoarmos”, completa.
Além disso, seguindo a lógica dos fenícios na antiguidade, muitos produtos importados pela indústria e comércio nacional não são fabricados no Brasil por falta de matéria-prima ou por simplesmente não termos o know-how para transformá-las.
Grandes empresas brasileiras nem existiriam se não fossem as importações porque não há produção local dos insumos necessários. E esta questão não é levada em consideração na balança do desemprego”, explica Raupp.
Para o especialista, no atual cenário mundial, nem cabe mais a discussão sobre se as importações são ou não benéficas. “O que precisamos é capacitar nossos empresários para atuarem de forma competitiva frente às ameaças do mercado externo, bem como, ensiná-los a tirar o máximo de proveitos dos negócios internacionais”, conclui.
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